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A INTERESSANTE HISTÓRIA DO VESTIDO DE NOIVA

Atualizado: 18 de jun. de 2021

A TRADIÇÃO QUE CONSOLIDOU AO LONGO DOS MILÊNIOS

 

O início da história do vestido de noiva se perde na memória dos tempos. E nada como contá-la a partir da passagem bíblica sobre o casamento, pois ela guarda uma relação direta com tudo o que diz respeito ao aparato geral para o qual convergem o festejo, o compromisso e a indumentária de núpcias. No Evangelho vemos que os cônjuges eram preparados pelas famílias para serem expostos publicamente e isso consistia em todo um ritual, com emprego de banhos especiais de óleos aromáticos. A cerimônia religiosa tinha por objetivo pedir as bênçãos divinas para a nova união e se dava pela determinação das famílias. Se as famílias fossem abastadas seguia-se um festejo público.

historia do vestido de noiva
Historia do Vestido de noiva

Porém, diferente de outros trajes sociais de luxo preparado para ocasiões especiais, o vestido de noiva teve um relevante significado para a cultura, da religiosidade e da história da humanidade.

Na linha do tempo percebemos que no Egito as mulheres casavam-se por volta dos 12 aos 14 anos, e os homens entre 16 e 17 anos. Se compararmos aos dias de hoje, seria um absurdo vermos jovens com tal idade concluírem a matrimônio. Mas em função da baixa expectativa de vida da população do Egito na época, isso se fazia necessário.

A roupa usada pela mulher egípcia para casar era a mais bonita que ela tivesse não havendo um diferencial dos demais trajes.

Na Antiguidade Clássica, os gregos casavam-se na puberdade, mas este arranjo já era decidido pelos pais quando os noivos tinham ainda sete anos de idade. O rapaz com treze anos casava-se com a moça na data coincidente à sua primeira menstruação. O correto era ela ter mais idade que ele.

Seu vestido devia ser uma vitrine dos bens da família, já que o casamento desde a mais remota época era um negócio. Suas vestes eram o sinal de status para o marido.

Quando as famílias eram modestas e de poucas posses, fazia-se um festejo popular num domingo junto da comunidade, no qual era pedida proteção para o casal que se unia sem dotes. Geralmente esses casais eram camponeses e a celebração dava-se em maio, em função da fertilização dos campos e lavoura. Assim, a fertilidade da terra representava abundância na casa do homem do campo.

Mas no Renascimento, com a emergência dos burgos pelo Mercantilismo, a apresentação da noiva tornou-se mais sofisticada. Elas usavam tecidos sofisticados como veludos e brocados e ostentavam muitas vezes o brasão da família, além disso passou-se a usar a tiara que depois originou a grinalda.

O noivo abastado deveria prover pelo menos cinco damas de honra que seriam servas para ajudá-la. O volume no ventre representava a fertilidade e honra e louvor à Virgem Maria.

Com o enriquecimento da Espanha, o país tornou-se ditador de tendências. E nesse momento ocorre o uso do preto pelas cortes católicas espanholas e o vestido de noiva acaba seguindo esse grau de formalidade e elegância.

primeiro vestido de noiva branco
vestido de noiva

O MITO DO VESTIDO BRANCO


O mito do vestido branco foi marcado por seu uso pela Rainha Vitória, da Inglaterra. Mas há registros de que a pioneira a se casar de branco foi Maria de Médici que pretendia honrar a exuberância das cortes italianas: o decote quadrado de seu vestido escandalizou o clero, mas Michelangelo, um dos principais expoentes das artes renascentistas, percebeu nesse traje o candor virginal de pureza da noiva de apenas quatorze anos.

Já as noivas do período Rococó se casavam com vestidos de tecidos brilhantes, bordados com pedrarias, com babados de renda nas mangas e decotes e as cores preferidas eram florais pálidas, sendo que as mais comuns eram a Lilás, a cor de pêssego claro e o verde malva.

Este hábito era seguido tanto pelas jovens da aristocracia, como pelas noivas pobres. Na cabeça, os exageros do estilo Rococó serviam para a noiva também: era elegante usar uma peruca conhecida como Pouf, onde era colocado um cupido, o retrato do noivo, frutas e verduras que representavam a abundância para o novo lar.



Contra o luxo e a ostentação


Após a Revolução Francesa, que derrubou a monarquia com o lema de “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, o luxo e a ostentação passaram a ser proibidos e a moda não é mais ditada pela corte e sim por uma sociedade que se democratizou. Com isso o vestido de noiva assumirá a cor das vestes do período clássico grego, ou seja, o branco. A rigor, os trajes gregos não eram brancos como se apostou, e sim coloridos. Mas devido à estatuaria que com o tempo perdeu a cor que um dia chegou a ter, todos acreditavam que as vestes do povo grego eram brancas. Adotou-se então para os vestidos de noiva o linho, a lã e os tecidos opacos.

Josefina esposa de Napoleão divulgou a moda dos vestidos em linha Império, com corte abaixo dos seios e em forma de túnica, e assim se consolida o uso do branco para a noiva.

Mas foi em 1840, com o casamento da Rainha Vitória, que se cristaliza e institui-se o branco como vestido de noiva. A Rainha Vitória se nega a usar o tradicional prata real para usar branco e flores de laranjeira na cabeça, como signo de pureza, coberta pelo véu.


O casamento no Império Romano

No início da formação de Roma, a influência bárbara fez com que o ato de casar fosse impositivo – em forma de rapto. O ato rude servia para demonstrar a virilidade masculina e ao mesmo tempo a submissão da mulher. A história sobre o rapto das Sabinas foi a origem do casamento que deu origem aos romanos.

Mas a partir do período civilizado romano, o casamento tinha um vestido especial para a cerimônia. Era uma túnica branca e um véu chamado flameum na cor vermelha, e a jovem ainda usava o tutulus, que também era o nome do penteado usado pelas noivas: o cabelo era dividido em seis mechas e preso num coque de forma cônica no alto da cabeça. O cabelo repartido ao meio e decorado com flores de verbena. Por fim, o uso de flores no casamento se tornou sinônimo de fertilidade e alegria.

Com a queda do Império Romano, a cultura ocidental sofreu as influências propostas pela corte bizantina. Com isso, as noivas se casavam vestidas de seda vermelha bordada em ouro, completamente orientalizadas, seus cabelos tinham tranças com fios dourados, pedras preciosas e flores perfumadas.


A instituição do matrimônio

Com o cristianismo do ocidente, institui-se o matrimônio. A coroação de Carlos Magno no ano 800 d.C. tornou o casamento um sacramento religioso, com o status social que permanece até os dias de hoje.

A partir desse instante o vestido de noiva passa a apresentar para a comunidade as posses da família da jovem.

Inicialmente, o vestido era vermelho com a simbologia da sua capacidade de procriação e gerar sangue novo e continuação da linhagem, enquanto o véu branco tinha a representação da virgindade, pois o véu de um modo geral da Idade Média significava o hímen da mulher.

Os cabelos da noiva não deveriam ficar a mostra, pois a pilosidade representava a sexualidade.

Desse modo os cabelos deveriam ser cobertos pela “nébula”, um véu diáfano e leve sobre os cabelos. E, no caso da noiva, este significado ficou fortemente associado ao da história. Até hoje há o momento da cerimônia em que o noivo ergue o véu da noiva para beijá-la, o gesto tem a conotação de que ele é quem irá deflorá-la.

“O vestido de noiva assumirá a cor das vestes do período clássico grego, ou seja, o branco

É na década de 20 do século XX que o branco, enfim, se firma como cor oficial de vestido de noiva. E este é um dado curioso que ás vezes parece até incoerente, já que é também o período da irreverência e emancipação da mulher.

A bisneta da Rainha Vitória, Elizabeth, foi quem usou um dos vestidos mais bonitos da história quando casou-se com Philip Mountbatten, em 1947. Ela usou um modelo assinado pelo costureiro oficial da corte inglesa Norman Hartnell.

Quatro décadas depois, mais precisamente em 1981, o célebre casamento de Diana com o Príncipe Charles eterniza os contos de fadas pelo histórico de casamento de príncipe e plebeia. Foi um dos vestidos mais copiados pelas jovens da década.


Os dourados anos 50

Nos dourados anos 50, Cristian Dior, maior estilista da década, institui o vestido de noiva como finalização de todo desfile de moda e atribui luxo e sofisticação aos mesmos.

Conta-se que nas casas de Alta Costura da época, as moças que trabalhavam nos vestidos, costurando e bordando, costumavam costurar um pequeno cacho do cabelo por dentro do vestido para terem sorte e se casarem também.

Um dos maiores ícones de estilo de todos os tempos, Jacqueline Bouvier, casou-se com o então futuro presidente dos EUA, John Kennedy: seu vestido inaugura o diferencial de deixar os ombros à mostra. Sua estilista não era muito conhecida, mas em seu segundo casamento, com o grego Aristóteles Onassis, Jacqueline usou um vestido assinado pelo estilista Valentino.

Em 1956 Grace Kelly casa-se com o Príncipe Rainier, de Mônaco, e ela passa a ser tida na história dos vestidos de noiva como a noiva mais bonita de todos os tempos.


Tempos modernos

E na atualidade, mais precisamente em 29 de abril de 2011, Kate Middlenton e o Príncipe Willian casam-se: o vestido dela foi assinado por Sarah Burton, leia-se Alexander Mc Queen. O vestido primou pela simplicidade, mas seu modelo tem ares do vestido da noiva mais bela de todos os tempos, Grace Kelly.

E, para refletir: diferente das demais grifes, no último desfile de Haute Costure da Semana de Moda de Paris, Chanel trouxe duas modelos vestidas de noivas e um menino, no encerramento do desfile, sugerindo o apoio da marca à aprovação da lei para a união de casais do mesmo sexo, que está em discussão na Assembleia Nacional Francesa.


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